RESIDÊNCIA BELOJARDIM PERNAMBUCO/BRASILRESIDÊNCIA BELOJARDIM 2021

Belo Jardim



O município de Belo jardim localiza-se no Agreste pernambucano, imerso na caatinga do Planalto da Borborema, a 180km do Recife. Fica próximo de cidades marcantes de Pernambuco como Caruaru (50km), Garanhuns (80km) e Brejo da Madre de Deus, onde é encenada a famosa Paixão de Cristo do Teatro de Nova Jerusalém (40km). Sua população aproximada é de 76.700 mil habitantes e tem como principais atividades econômicas a agroindústria (produtos alimentícios e avicultura). É a cidade sede da multinacional Acumuladores Moura S.A. (que fornece baterias para a metade dos carros fabricados no Brasil e exporta para países da América do Sul, Central, África e Europa), NATTO, Palmeiron, Cremosinho e da EMPAC.

Belo Jardim tem uma forte tradição musical desde seus primórdios. Conta até hoje com a atuação de duas escolas históricas de música: a Filarmônica São Sebastião (fundada em 20 de janeiro de 1887) e a Sociedade de Cultura Musical (instituída em 08 de fevereiro de 1935). Essa vocação propiciou a implementação da Licenciatura em Música, no Campus belo-jardinense do Instituto Federal de Pernambuco. Entre seus ilustres cidadãos, encontra-se o músico Otto. Na Comunidade Quilombola do Barro Branco (nos arredores de Belo Jardim), a música está presente no cotidiano e nas festas, seja por meio das cantigas de comemorações, canções religiosas e das músicas de trabalho. A musicalidade é resultado de muitas influências: negra, indígena e católica. A comunidade quilombola tem uma população de cerca de 100 famílias e tem como líder Elaine Lima. O Barro Branco é certificado pela Fundação Palmares desde 2010 e conta com as parcerias da Federação dos Quilombolas de Pernambuco, do Coletivo de Mulheres Negras e do Centro Diocesano de Apoio ao Pequeno Produtor (CEDAPP). A origem desta comunidade quilombola remete ao tempo do desmantelamento do Quilombo dos Palmares (no vizinho estado de Alagoas) quando várias famílias migraram para o interior de Pernambuco, nesta zona de transição entre a mata sul e o agreste.
O artesanato de barro é outra significativa expressão cultural local. O povoado de Sítio Rodrigues abriga várias ceramistas que seguem a tradição da louça de caboclo, herança indígena em que não o torno não é usado para moldagem. A maior expoente desta comunidade é Cida Lima, que aprendeu a fazer cerâmica com seu bisavô e que hoje é reconhecida como mestra artesã pelo Programa de Artesanato Brasileiro. A sua produção abarca peças de decoração, como cabeças e azulejos de barro, e de utensílios como panelas, travessas, pratos e potes.

Belo Jardim tem um dos mais expressivos conjuntos do que se convencionou chamar de estilo vernacular, ou seja, relativo à arquitetura espontânea, popular do Nordeste. As platibandas e as fachadas com padrões geométricos, inspiradas pelo art déco, começaram a surgir a partir da proposta de modernização sociopolítica da Revolução de 1930. Inicialmente esse tipo de construção encontrava-se na capital pernambucana, mas logo se espalhou pelo interior do Estado, pelas mãos de mestres-obreiros populares. O município autodenomina-se a “cidade das platibandas”, mas aos poucos esse que é considerado um dos maiores acervos nordestinos, com centenas de casas do gênero espalhadas pelos bairros e mesmo nos seus distritos, está desaparecendo para dar lugar a fachadas de cerâmica.